A administração pressupõe alguns princípios que, se deixados de lado, comprometem o alcance dos resultados desejados. Ao concluir o curso de Administração de Empresas, pela FaSe – Faculdade de Sergipe, é possível observar que o governo de Marcelo Déda, ao chegar ao seu final, perdeu uma grande chance na história de Sergipe, de contemplar os sergipanos com uma administração exemplar.
É verdade que ao assumir o executivo estadual, o atual governo encontrou uma série de dificuldades. Os problemas eram muitos. Situações que iam desde o completo desaparelhamento da máquina pública, até os grandes entraves fiscais que impediam o Estado de contratar, ou receber, os recursos oriundos de repasses voluntários (as tão faladas Certidões Negativas).
Os desafios encarados pelo governo de Déda principalmente nos dois primeiros anos se deram na reestruturação da máquina pública, tanto no âmbito administrativo, quanto no aspecto financeiro e fiscal, que ficou sob a responsabilidade do ex-secretário da fazenda, Nilson Lima. O resultado das suas ações à frente da SEFAZ se transformou tanto na sua ascensão junto ao povo sergipano, quanto na sua desgraça perante o governador Déda.
A ascensão de Nilson junto à sociedade se deu por conta da amplitude das suas ações, com as suas inserções na imprensa sergipana, demonstrando os resultados alcançados. Recuperou a situação fiscal, resgatando as Certidões e permitindo que o Estado se habilitasse a receber recursos voluntários; ajustou os processos de liberação de dinheiro para as demais secretarias, permitindo que o Estado economizasse nas suas diversas áreas de atuação, exemplo disso foi a redução das despesas de passagens aéreas, que só no primeiro ano do governo, caiu de 30 milhões de reais, para apenas R$ 8 milhões.
Esses resultados obtidos por Nilson Lima, apesar de serem extremamente positivos, também significaram a sua desgraça junto ao comandante maior, Marcelo Déda. Alguns dos seus assessores mais próximos, incomodados com o sucesso de Nilson na imprensa, e junto a sociedade, começaram a plantar, na cabeça do governador, as sementes da maldade. Diziam que ele, Nilson, estava aparecendo mais do que Déda, afinal, quase que diariamente ao abrirem os jornais se deparavam com as boas notícias oriundas da Secretaria da Fazenda. Quando não eram os bons resultados financeiros, eram as reuniões com os servidores, através dos sindicatos, na Mesa de Negociação Permanente, que agora, de forma permanente, foi esquecida de vez pelo governo do PT.
Cheio de tanto veneno, Déda resolve exonerar Nilson Lima, que além de companheiro do PT, durante mais de 27 anos, era um dos seus melhores amigos, chega a ser inclusive, padrinho de uma das filhas de Lima (aliás, a relação de Déda com os seus amigos precisa ser analisada com carinho e faremos isso em outra oportunidade). De lá pra cá, coincidência, ou não, a verdade é que o governo do petista só enfrentou situações negativas.
Ao sair do governo, Nilson anunciou que estava deixando em caixa, a cifra bilionária de R$ 1 bilhão. Notícia que encantou os sergipanos, e os encheram de esperança de, finalmente, verem a mudança acontecer nas suas vidas. Tudo estava apontando para a transformação de Sergipe num verdadeiro canteiro de obras que, de verdade, mudassem a vida dos sergipanos.
O ano de 2009 chegou ao final, com ele foram-se as esperanças do povo sergipano. O governo não acertou o compasso. Nas obras, as poucas que foram iniciadas, havia sempre um, ou outro problema. Quando a construtora não abandonava, os serviços eram feitos a passos de tartaruga, lentos. Exemplo disso é a construção de uma rodovia de apenas 5 Km, na Barra dos Coqueiros, em que foram necessários três anos para ser concluída.
Na área da saúde, a única coisa que o governo atual tem a apresentar à sociedade é a construção das tão discutidas “Clínicas” da saúde. Uma ação criada pelo Estado, às pressas, no final de 2007, para cumprir os 12% previstos na LRF com os gastos da saúde. Em 2008 a história se repete e novamente foram assinados mais convênios. Isso é tão verdadeiro que somente em 2009, alguns projetos, assinados em 2007, começam a se transformar em realidade e serem entregues à população, numa prova de que, sequer, os projetos básicos existiam. Das 102 “Clínicas” conveniadas, apenas 20 foram construídas.
Ainda na saúde, o governo anuncia a “construção” de hospitais. O detalhe é que em algumas cidades que receberão as unidades de saúde, outros hospitais já existiam, e que poderiam ser aproveitados, bastando apenas a reestruturação com a aquisição de novos equipamentos e o mais essencial, a valorização da política de pessoal, incrementando uma política de recursos humanos que fosse capaz de motivar, tanto os que já pertenciam à rede, quanto aqueles que fossem contratados.
Na educação, três anos depois de estar no comando do executivo, o que Déda tem a apresentar à sociedade sergipana é apenas, e tão somente, um aumento na quantidade de número de alunos aprovados no vestibular (graças a política de cotas), através de um cursinho, chamado de pré-seed, que corretamente foi combatido pelo SINTESE, o sindicato dos professores, no governo de João Alves. Os petistas, que agora, esqueceram as suas críticas, passaram a elogiar “o grande projeto educacional”. Vale ressaltar que o SINTESE continua com a sua opinião contrária ao projeto.
Das quase 400 unidades escolares espalhados no território sergipano, apenas 20%, (algo em torno de 80) receberam algum tipo de reforma na sua estrutura física. Outro dia a deputada Ana Lúcia, do PT, disse que ficou envergonhada, quando, ao chegar num povoado se deparou com alunos que reclamando a não utilização de um computador, recebido pela escola há mais de dois anos, que ainda estava na caixa, por falta de um projeto elétrico na escola.
Ao iniciar o seu quarto, e último ano de mandato, Déda tem de conviver com uma dura realidade, das 400 escolas da rede estadual, apenas 30% iniciaram as aulas até o mês de março. Enquanto isso, a rede particular já está completando quase 80 dias de aulas apresentadas aos seus alunos.
Ficando apenas nessas áreas do governo, podemos perceber que é muito pouco, ou quase nada, que o governo petista de Marcelo Déda, tem a oferecer aos sergipanos, que depositaram uma confiança muito forte, e nutriram um sentimento de mudança no qual acreditavam, de verdade, que iria acontecer em suas vidas.
Infelizmente, temos que concordar com as palavras de Nilson Lima de que, o governo Déda é a “mesmice continuada e piorada”. Uma pena! *Marcos Aurélio - Radialista e Administrador de Empresas.